Autismo infantil e exposição de telas
A tecnologia vem se mostrando uma grande aliada para o desenvolvimento de crianças autistas desde muito antes da pandemia. Tablets, celulares e computadores podem servir como ferramentas de conexão das crianças com TEA (Transtorno de Espectro Autista) com outras pessoas. Apesar das discussões sobre o uso de tela potencializar comportamentos de inabilidade social, pode-se utilizar ferramentas como jogos que estimulam o reconhecimento de emoções, treinando assim uma habilidade social que normalmente é encontrada em déficit em crianças com TEA.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria, existe a recomendação do tempo de uso de telas e autismo ou em crianças que não possuem o TEA por idade, ou seja, as recomendações são direcionadas para diversas faixas etárias. Por exemplo, de 0 a 18 meses: não deve ter contato com telas; de 2 a 5 anos: é recomendado o uso de no máximo uma hora por dia com supervisão; de 6 a 10 anos: sempre com supervisão, limitar o tempo de uma ou duas horas por dia; de 11 a 18 anos: com supervisão, limitar o uso de celulares, videogames ou televisão por duas a três horas por dia. Nada de telas durante as refeições e criar regras saudáveis para controlar o uso de aplicativos e outros dispositivos digitais.
Para Vitor Mesquita, professor do curso de Psicologia do UGB-FERP, os problemas de saúde com o uso frequente de telas estão relacionados a inabilidade social, introspecção da criança, dificuldade em expressar as emoções e, em alguns casos, atraso no desenvolvimento cognitivo. “Há um fenômeno que vem crescendo nas últimas décadas e que atualmente passou a ser chamado de autismo virtual. Estudos recentes de casos clínicos comprovam que crianças pequenas, expostas excessivamente às telas (TVs, computadores, tablets e videogames) acabam apresentando sintomas próprios do espectro autista”, afirma.
De acordo com Vitor, autismo virtual é a presença de manifestações do espectro autista que as crianças passam a demonstrar pelo uso abusivo de telas. Para uma criança que não seja autista, por volta dos dois anos de idade, ficar exposta diariamente às telas faz com que ela comece a anular as coisas que estão ao seu redor
“Esse é o primeiro sintoma do autismo: o isolamento social. A criança fica com o seu foco totalmente voltado para a tela e esquece de todo o resto, de todo estímulo, de todas as pessoas que estão ao seu lado. O segundo sintoma é o prejuízo na fala. Se a criança está isolada de frente à tela, com quem ela vai falar? Ela não tem com quem se comunicar. O terceiro sintoma é a dificuldade de mudar a rotina, tendo uma preferência por rituais e rotinas, que é o que acontece nessa faixa etária. A criança opta por ver sempre os mesmos desenhos, os mesmos programas”, enumera.
Por fim, Vitor chama a atenção para os cuidados que os pais devem ter. “Os pais devem seguir as recomendações da Sociedade Brasileira de Pediatria referentes ao tempo de exposição da criança as telas de TV, celulares e tablets”, ensina.
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Legenda da foto: Vitor Mesquita, professor do curso de Psicologia do UGB-FERP