Inovar ou desaparecer
Segundo o professor Jorge Bruno, o pior cenário possível é fazer “tudo igual aos outros”, mas ainda dá tempo para repensar esse modelo
O Centro Universitário Geraldo Di Biase (UGB-FERP) realizou na última sexta-feira, dia 6, a aula inaugural para abrir as atividades do segundo semestre. O evento, que aconteceu no Auditório Milton Carlos, no campus Volta Redonda, contou com a participação do professor mestre Jorge Bruno, professor de MBA da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que abordou o tema “Mercado de Trabalho Pós Pandemia: Desafios e Oportunidades Profissionais”. A palestra teve a participação do pró-reitor Administrativo, Osvaldir Denadai, da pró-reitora de Assuntos Acadêmicos, Elisa Alcantara, além de representantes de atléticas, diretórios acadêmicos e coordenadores de curso. Toda a programação também foi transmitida em plataforma virtual.
Jorge Bruno relata que “guerras e pandemias alteram o caminhar da humanidade, acelerando todas as áreas das atividades humanas”, provocando “pontos de ruptura”. Quando as pessoas entram num momento de pandemia, percebem que é a primeira vez que está fazendo várias coisas, trabalhando tanto tempo remotamente, que fica tanto no mundo virtual e isso aponta para uma outra tendência. “Hoje a humanidade passa setenta por cento no mundo real, no mundo offline, no mundo físico, e trinta por cento do tempo no mundo on-line. Em dez anos isso vai se inverter. Então, essas tecnologias de comunicação, tecnologias de imersão imagética, isso tudo está evoluindo aceleradamente, muito mais rápido do que as pessoas estão imaginando”, afirma JB, que acrescenta:
“Quem não mudar para o mundo digital em cinco anos está perdido. Eu faço treinamento, consultoria para a área de saúde, para transformação e transição digital e quem não tiver uma clínica digital em cinco anos estará fora do mercado. Clínica digital não é que tem atendimento pelo WhatsApp, nem tampouco teleatendimento. Isso não é telemedicina, não é ficar conversando na tela do computador. Telemedicina é o paciente estar todo instrumentado, utilizando wearables (tecnologias vestíveis) aí sim o médico poder fazer uma anamnese, uma cirurgia robótica, exames diagnósticos impensáveis atualmente, mas que serão realidade dentro de poucos anos. Então, a própria transformação digital não é o que todo mundo está pensando, que isso está chegando aos poucos não, está chegando muito mais rápido do que se imagina”, salienta.
Jorge Bruno aposta com clareza que a maioria das pessoas de hoje não se aposentará na área que está trabalhando atualmente. “Falo de algoritmos muito avançados e ainda tem gente que pensa que precisa programar algoritmo. Os algoritmos de quarta geração não precisam ser programados. Se eles auto aprendem, eles aprendem e por aí vai. Em algumas profissões esse tempo já passou. Há pessoas que vão se formar, vão gastar tempo, gastar dinheiro e não vão mais encontrar emprego. As grandes empresas já não olham mais currículo para saber onde foi formado, não tem mais isso. Não utilizam mais teste de QI, utilizam inteligências múltiplas, desde 2003. Hoje um algoritmo de análise genômica pode te avaliar e falar qual a carga de trabalho, pressão e stress que você aguenta, ou quais habilidades você poderá desenvolver”.
“A tsunami da mudança
vai pegar os curiosos, na
praia, vendo a água recuar”
Para JB, é hora de levar muito, muito a sério o que está acontecendo, porque se deixar para depois não vai ter tempo. Segundo ele, o que é necessário para sobreviver no mundo digital não se consegue em seis meses, um ano. É preciso mais tempo de vida, mais investimento de vida, de conhecimento e preparação para poder sobreviver, porque o livro de maior sucesso do mercado hoje chama-se “A Era do Capitalismo de Vigilância - A luta por um futuro humano na nova fronteira do poder”.
“Em 2015 visitei na Holanda uma fábrica de fábricas autônomas. A minha velha profissão de Oficial da Marinha Mercante é outra profissão acabando, porque os navios autônomos estão em teste, já estão navegando. Tem um ser humano lá para, no caso de algum problema, ele parar o navio, durantes os testes. A série ‘Game of Thrones’ foi escrita por um ser humano até o sétimo livro, o oitavo livro e a oitava temporada foram todos escritos por um algoritmo. Um algoritmo que aprendeu o estilo do autor, o algoritmo que aprendeu a forma o autor, os personagens, tudo e criou a oitava temporada. Só tem um detalhe: você que assistiu às sete temporadas e assiste a oitava, não vê diferença nenhuma, porque tudo foi escrito por um algoritmo. E vou dizer o seguinte: se alguém ainda está liderando e gerenciando com o antigo modelo mental, baseado no ‘mais com menos e menos é mais’, pode parar de fazer isso também, porque esse modelo mental já desmoronou no primeiro mundo desde 2001. O novo mantra, a partir daí, passou a ser agilidade, simplicidade e foco. Lema das startups, fintechs, edutechs, heathtechsetc, os pequenos que estão devorando os grandes. Bem-vindos ao mundo digital”!