6/16/2021

A Amazônia é a maior floresta tropical do mundo e a maior bacia hidrográfica do mundo, respectivamente. É o maior bioma do Brasil e representa a região com a maior biodiversidade do mundo. Só estas características já mostram a brutal importância deste ecossistema. Isto significa que toda a temperatura do planeta e a própria estabilidade do clima dependem dela, que atua também na regulação do sistema de chuvas em toda a América do Sul e, principalmente, no Brasil, e influencia diretamente o ciclo global de carbono. Diante de tanta importância para o Brasil e o mundo, sempre se especula o valor da Amazônia. Mas isso é possível?   

         Segundo a coordenadora do curso de Ciências Biológicas do UGB-FERP, professora Altagratia Chiesse, dentro de padrões puramente ecológicos não é possível monetizar um ecossistema, levando em consideração o valor do bioma amazônico como infinito devido a sua importância para todo o planeta.

“Há alguns trabalhos como o de CONSTANZA et al (2014), que tentam estimar o valor econômico dos ecossistemas, inclusive o amazônico. É uma estimativa cheia de controvérsias, criticada por muitos pesquisadores, porém é interessante para as pessoas que desconhecem completamente a importância econômica da biodiversidade e só conseguem enxergar valores expressos para poderem ter uma estimativa de quanto vale uma ‘floresta parada’”, afirma.

De acordo com Altagratia, a  Amazônia, por ter a maior biodiversidade do planeta, representa uma fonte inesgotável de formas de vida animal e vegetal que valem trilhões. Os produtos, subprodutos e patentes obtidos a partir destes organismos amazônicos são de valor incomensurável e despertam os interesses de grandes corporações internacionais, que ao contrário dos empresários brasileiros, que pararam no tempo e só enxergam o combo gado+soja para gerar dinheiro, conhecem o valor econômico real de uma floresta tropical e sabem explorar todas suas possibilidades.

“Atualmente, milhares de espécies, principalmente vegetais, têm princípios ativos que estão sendo pesquisados pela indústria internacional para uso medicinal e cosmético, representando um lucro imenso para estas empresas. Alguns dos medicamentos tradicionais de grandes laboratórios usados têm princípios ativos derivados de substâncias animais e vegetais. Há grandes reservas naturais minerais sob o solo amazônico (cobre, titânio, alumínio, ouro, ferro, zinco, prata, manganês, platina, paládio) que enchem os olhos das mineradoras e de alguns empresários, mas tem um valor econômico muito mais baixo quando comparados ao valor dos subprodutos da biodiversidade”, explica.

 

Alerta e preocupação

 

         A professora ressalta que a Amazônia não é só a maior e mais importante floresta tropical do planeta, é única, e seu potencial ainda nem é totalmente conhecido e estudado. Várias espécies são endêmicas, outras ainda nem conhecidas e muitas ameaçadas de extinção. Diante dessas constatações, Altagratia faz uma análise preocupante:

“A Amazônia vem sendo destruída de forma rápida e crescente, com atividades de extração ilegal de madeiras e minerais, com a derrubada da vegetação para gerar terras de cultivo e pasto, ou seja, atividades econômicas que geram pouco lucro se comparadas ao valor da floresta, e muita devastação, feitas de maneira desastrosa, sem planejamento ou estudo técnico de viabilidade”, alerta Altagratia, que alerta para a importância da preservação dessa riqueza natural.

“A necessidade de preservação é amplamente divulgada por todos os países, já que alterações na floresta afetam a todos de maneira global, prejudicando o equilíbrio hídrico e o clima de todo o planeta, e causando mudanças ambientais que prejudicam a todos e geram um impacto extremamente negativo que se reflete até na economia mundial”, encerra.