Júri simulado debate preconceito codificado em algoritmos de IA
O Núcleo de Práticas Jurídicas (NPJ) foi palco, nesta terça-feira, dia 10, de um júri simulado envolvendo a turma de 3º período de Engenharia de Software durante a disciplina de APTA 3, que aborda as relações étnico-raciais. Organizado pela professora Nayara Alcantara, o júri teve como tema o caso fictício "O Preconceito Codificado", que trouxe à tona a problemática do viés em algoritmos de inteligência artificial desenvolvidos por grandes corporações.
O caso apresentado girava em torno da empresa CodeFuture Solutions, uma gigante do setor de tecnologia, acusada de utilizar um sistema de recrutamento automatizado, o TalentMatch 2.0, que supostamente apresentava um viés discriminatório. O reclamante, João da Silva, engenheiro de software e oriundo de uma comunidade negra, relatou ter enfrentado recusas sistemáticas nos processos seletivos conduzidos pelo algoritmo, mesmo possuindo sólida formação e experiência.
As investigações fictícias, simuladas no júri, indicaram que o sistema favorecia candidatos historicamente associados ao perfil majoritariamente branco das contratações anteriores. Tal viés teria origem nos dados históricos utilizados para treinar a IA, refletindo desigualdades já existentes e ignorando talentos de minorias étnicas.
O júri simulado permitiu aos estudantes explorar os desafios éticos e sociais que envolvem o desenvolvimento e a aplicação de tecnologias de inteligência artificial. "Mais do que discutir um caso de discriminação, este exercício trouxe aos alunos a compreensão de que decisões técnicas têm impacto direto na vida das pessoas e na construção de uma sociedade mais justa", destacou Nayara Alcantara.
Além de apresentar argumentos embasados e refutar posições contrárias, os estudantes refletiram sobre a importância de práticas inclusivas e da promoção da diversidade em setores tecnológicos. "Esse tipo de atividade amplia o olhar crítico e prepara os alunos para lidar com desafios reais no mercado de trabalho", afirmou a professora.
O júri simulado foi celebrado como uma prática pedagógica que integra teoria e prática, destacando o compromisso do UGB com uma formação humanista e ética. O professor Wederson Cardoso, do curso de Direito, teve a oportunidade de fazer o papel de juiz e destacou que atividades como essa são essenciais para fomentar o pensamento crítico e a responsabilidade social entre os futuros profissionais.
Com esse evento, a turma de Engenharia de Software não apenas aprendeu sobre aspectos técnicos de sistemas de IA, mas também sobre a necessidade de criar tecnologias que respeitem e valorizem a diversidade, garantindo justiça e igualdade para todos.